Realidades.

Não há só o lado da festa e "liberdade", lembra-se também de um trajeto que entrelinhas passa pelas sociedades ainda hoje...

Roberto Petrovich
Holocausto Cigano: a tragédia que o mundo esqueceu.

Os povos Romani (ciganos) também foram alvo de perseguições, discriminação e massacres, muitas delas sem sequer terem sido feitas nos campos de concentração, mas sim pelos próprios oficiais nazistas, tamanho era o ódio que havia pelos ciganos.
Todavia, é importante afirmar que essa discriminação não se iniciou no nazismo. Para se ter uma ideia, o imperador alemão Karl IV expediu, nociganos_roma_74705 Século XVII, um decreto ordenando que todos os ciganos adultos fossem exterminados, e que as mulheres e crianças ciganas tivessem suas orelhas cortadas, com o intuito de puní-las e identificá-las. Além disso, no Século XIX, foi implantada na Alemanha a agência de informação Nachrichtendienst in Bezug auf die Zigeuner (Central para o Combate da Moléstia Cigana), que tinha como intuito principal registrar os ciganos que viviam no país, tendo em vista o controle destes povos, motivados pelo seu “comportamento altamente perigoso”, sendo vedada a sua comunhão com gadjés, ou seja, pessoas que não são ciganas.
Estima-se que, aproximadamente, 500 mil ciganos tenham sido executados durante o período do Porrajmos, expressão utilizada pelos Romani para definir a tragédia. Tal perseguição teve início em 1935, com a promulgação das Leis de Nuremberg, que vedavam o casamento de ciganos com arianos, bem como de decretos que ordenavam o envio de ciganos para campos de concentração, para serem esterilizados. Se a pessoa tivesse um bisavô que fosse cigano, já teria o seu sangue “contaminado”, e, por conta disso, seria considerado como se fosse um deles. Em 1936, 400 ciganos foram remetidos para o campo de concentração de Dachau, onde foram assassinados. De todo modo, é importante levar em consideração que os Einsatzgruppen (grupos de extermínio nazistas) assassinaram milhares de ciganos sem levá-los para campos de concentração. Em 1937, Heinrich Himmler, importante general da SS, as tropas de assalto nazistas, escreveu um decreto de nome “A Luta contra a Praga Cigana”, onde expusera que os ciganos mestiços com gadjés seriam ainda mais propensos à criminalidade. Sem dúvidas, a guerra e o extermínio de judeus contribuíram para a radicalização dentre as lideranças nazistas sobre a questão cigana, o que culminou na aplicação, para estes povos, da chamada “solução final”, usando, em 1940, 250 crianças ciganas tchecas para testar o temido gás Zyklon B. Em 1942, Himmler decretou o envio dos ciganos para roma-arrestAuschwitz, fazendo parte deste grupo soldados alemães que eram ciganos de etnia Sinti, que eram, como os judeus, cobaias dos experimentos médicos dos nazistas.
Assim, fica clara a intensidade do preconceito e da discriminação que os ciganos sofreram durante esse período, e infelizmente sofrem até hoje. É necessário que o Poder público, por meio de seus órgãos, implante políticas públicas que visem possibilitar aos ciganos o acesso às necessidades que lhes são fundamentais, bem como que produzam meios eficazes de levar o conhecimento sobre eles às demais pessoas, como por exemplo, por meio da escola. Somente assim, ocorridos como o Porrajmos poderão ser evitados em nosso meio.

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