Ciganos no Brasil

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JOÃO TORRES - UMA HISTÓRIA UMA CONTRADIÇÃO MEU ORGULHO - HOMENAGEM AO MEU ANCESTRAL

Os ciganos estão no Brasil, oficialmente, desde 1574, quando o português João Torres e sua esposa Angelina foram presos em Portugal e enviados à Colônia. O crime do casal: ser cigano.

Segundo o historiador, geógrafo e professor da PUC mineira Rodrigo Teixeira, autor do livro
História dos Ciganos no Brasil (adaptação de sua tese de mestrado), João Torres foi condenado ao trabalho forçado em galés e Angelina foi obrigada a deixar Portugal. Em seguida, conseguiram uma mudança na pena e foram expulsos para o Brasil. Nada mais é
constatado.

Não é possível dizer se eles chegaram na companhia de quantos filhos nem por quanto tempo ficaram no Brasil. Na verdade, desde então, não se sabe ao certo quantos são os ciganos brasileiros e em quais regiões do País eles vivem. A única certeza em torno de suas trajetórias é o secular preconceito e a crônica desinformação de que são vítimas.

No imaginário da maioria da população, não só brasileira, mas mundial, figura um cigano malandro, ladrão, indigno de qualquer confiança. “Não vimos e não gostamos” parece
ser a máxima dos que evitam e desprezam os ciganos há pelo menos 4 mil anos, em várias
partes do mundo.

Tentando reverter esse cenário no Brasil, o Governo Federal, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID), criou o Prêmio Culturas Ciganas. O primeiro edital, que homenageou João Torres, foi aberto em 2007 com objetivos declarados de valorizar e dar visibilidade às iniciativas culturais dos ciganos e, assim, fortalecer as expressões e a identidade desses povos.

Foram 20 projetos contemplados — de nove estados brasileiros – e cada um deles recebeu R$ 10 mil. Para o secretário da SID, Ricardo Lima, o prêmio é uma forma de reconhecer
a grande contribuição que as culturas ciganas deram à formação da cultura brasileira.
Na sede paulista da Associação da Preservação da Cultura Cigana (APRECI), a ação do governo é vista como positiva, apesar de ser considerada insuficiente.

O prêmio Culturas Ciganas é encarado como um arregaçar de mangas para um esforço maior que ainda precisa ser feito.

No íntimo das tendas A história dos ciganos parece ter ficado escondida debaixo dos panos coloridos que enfeitam as residências móveis. É mínimo o conhecimento sobre o tema que escape das lendas, preconceitos ou estereótipos. A ignorância muito se deve aos poucos documentos e escritos sobre assunto, à negação ao diferente, à característica reclusa do próprio grupo e ao fato de a língua cigana ser apenas falada.

FONTE: REVISTA ENREDO Nº 1 DEZEMBRO/2008 Distribuição Gratuita
MATÉRIA: "Patrimônio - O Legado da Cultuta Cigana"
Governo do Estado do Ceará
Instituto Arte e Cultura do Ceará

Da mesma “bancada”, discursa Márcia Guelpa, conhecida como a cigana Yáskara, denunciando o espaço (ou falta dele) cedido ao seu povo na constituição brasileira. “Todas as Constituições Federais sempre ignoraram a existência de ciganos. O governo brasileiro nunca soube, e ainda não sabe, exatamente, quem somos. Daí a indiferença gerada por essa ignorância. O governo Lula, não podemos negar, tem nos dado oportunidade para tornarmo-nos cidadãos. Mas ainda está longe de agir com a eficácia que queremos.

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